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quinta, 18 de abril de 2024

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EMPATIA, REFERÊNCIA, INICIATIVAS E OPORTUNIDADES : O ponto de vista do atleta e estudante Marcos Oliveira

20 novembro
15:24 2020

Por: Henrique König

Marcos Oliveira

“A importância tem que ser todos os dias”, avisa Marcos Oliveira, de 22 anos, estudante de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas, natural da cidade de Camaquã e jogador do Antiqua Rugby, projeto vinculado com a UFPel. Sobre a temática do negro no esporte, Marcos destrincha seu ponto de vista.

Uma das referências do projeto Remar para o Futuro, medalhista nacional e sul-americana pelo Flamengo

Segundo o atleta de rugby, a luta constante é para gerar um mundo de mais empatia, de mais visibilidade, de mais referências para os negros na sociedade, e, para além das palavras, um mundo de mais iniciativas e oportunidades.

Marcos foi um dos convidados para uma roda de conversa da ESEF em 2019, juntamente com Camila Freda, irmã do atacante Taison, pelotense que é destaque no esporte internacional, atuando na Ucrânia e por vezes vestindo a camisa da seleção brasileira de futebol. Na oportunidade daquela fala, Marcos destaca poder compartilhar as experiências vividas dentro de campo.

O jovem relata que o rugby era uma modalidade de elite nas suas origens, mas isso vem mudando. “A última campeã mundial foi a África do Sul.

Quando ela ganhou lá em 1995, apenas um atleta da equipe era negro. Nessa última conquista, o capitão que levantou a taça era negro”, destaca a mudança. “É muito importante essa representatividade.”

Evelyn Silva, jogadora com mais partidas e mais gols pela Malgi Futsal
Imagem: Victor Thompsen / Malgi

Segundo Marcos, o Antiqua apresenta maior representação negra na equipe, principalmente em relação a adversários da serra gaúcha. Ou seja, é uma responsabilidade de renovar a equipe com oportunidade e representatividade. “Existe o projeto Vem Ser Pelotas, que busca potenciais atletas em escolas públicas. O Antiqua possui a equipe juvenil através dessas visitas às escolas. Esse projeto oportuniza o jovem e cria referências, é preciso criar um ciclo. Tem que haver a continuidade. Não adianta as pessoas falarem que é possível, que você consegue. Os caminhos precisam ser trilhados.” Marcos destaca o professor Eraldo Pinheiro, da UFPel, único professor negro na ESEF. “Ele aprimorou o Antiqua com a Universidade. Essas parcerias são necessárias”.

Ex-volante com passagem pelos clubes de Pelotas, além de carreira no Grêmio FBPA. Virou treinador, conquistou acessos com as equipes de Bagé, é também comentarista de rádio e apresentador de televisão.

Os jovens podem ser inspirados pelos grandes atletas negros, como Lewis Hamilton, maior campeão de Fórmula 1, e LeBron James, maior nome do basquete atual, mas também se espelharem nas pessoas da região. Professores, treinadores, atletas, jornalistas locais que deem representatividade.

“O mundo hoje é voltado para as mídias e redes sociais. Manifestações são importantes, mas tudo tem que ser a longo prazo. Falta mais empatia no futebol, esporte mais visto no mundo, por exemplo. Gerar o poder de luta e resistência nas pessoas”, afirma Marcos Oliveira.

“E as lutam precisam fazer sentido, saber pelo que está se lutando. Precisamos ler e evitar sermos manipulados. Uma pergunta que fica: Depois que você passa o seu feed na rede social, você continua se importando com a causa?”, questiona. “Viver sem ler é perigoso, te obriga a acreditar no que dizem”, cita a personagem argentina Mafalda.

Zagueiro no futebol de campo, atleta de futsal, estudante de educação física, foi também treinador interino da ABF e membro da direção da equipe

Na luta pela maior empatia das pessoas, no incentivo aos negros serem cada vez mais referências para a criação de um ciclo positivo, através de iniciativas e oportunidades, Marcos deixa o seu recado final: “temos que lutar sempre. Buscarmos os espaços dentro da lei, como nas eleições. Agindo conforme as leis, já tentam nos criminalizar, agindo fora é pior”, denuncia o racismo institucional.

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