Indicadores de violência contra a mulher apresentam queda em Pelotas
Pesquisa feita pelo Observatório de Segurança Pública considerou o período de janeiro a junho de 2021 e a mesma referência em 2020. Pelotas segue a linha do Estado, que também apresenta diminuição dos números
A partir da análise dos indicadores de violência contra a mulher em Pelotas, feita pelo Observatório de Segurança Pública, é possível perceber o empenho do Poder Público em diminuir, cada vez mais, os índices criminais no Município. O estudo considerou período de janeiro a junho de 2021 e a mesma referência em 2020, e apontou que todos os tipos de delitos – ameaça, lesão corporal, estupro, feminicídio tentado e consumado – apresentaram queda.
Os números que mais chamam atenção são relativos à tentativa de feminicídio e estupro. Enquanto o primeiro delito teve queda de 83,3% em 2021, quando relacionado com 2018, o segundo diminuiu 42%, na mesma comparação. A ameaça caiu 39,4% e, a lesão corporal, 10%.
Os dados obtidos pela pesquisa do Observatório mostram, ainda, que em 2021 não foram registrados feminicídios, assim como em 2019. Em 2018, foram cinco crimes cometidos e, em 2020, dois.
Para a prefeita Paula Mascarenhas, o resultado apontado pela pesquisa é muito alentador, porque o Município tem se dedicado, há muito tempo, para potencializar as ações de combate à violência contra a mulher, seja no fortalecimento da rede de apoio às mulheres – que hoje é referência no Estado -, seja com ações focadas na segurança pública, com a integração dos órgãos.
“Nós vamos seguir trabalhando, fortemente, nessa área e, certamente, a diminuição desses índices de violência contra a mulher vai estar nos objetivos principais do Pacto Pelotas pela Paz. Esperamos que os números sigam diminuindo, que os cidadãos se conscientizem, cada vez mais, que é preciso denunciar, porque é um tipo de violência que começa aos poucos e tende a crescer. Então, precisamos que esses crimes sejam denunciados”, destacou Paula.
As ocorrências registradas estão expostas abaixo
* Ameaça
– 2018: 540 registros
– 2019: 486 registros
– 2020: 458 registros
– 2021: 327 registros
* Lesão corporal
– 2018: 348 registros
– 2019: 330 registros
– 2020: 356 registros
– 2021: 313 registros
* Estupro
– 2018: 36 registros
– 2019: 17 registros
– 2020: 23 registros
– 2021: 21 registros
* Feminicídio consumado
– 2018: 5 registros
– 2019: 0
– 2020: 2 registros
– 2021: 0
* Feminicídio tentado
– 2018: 6 registros
– 2019: 4 registros
– 2020: 2 registros
– 2021: 1 registro
A rede de proteção às mulheres em Pelotas
A guarda municipal e coordenadora do Observatório de Segurança Pública, Cíntia Aires, avalia os números obtidos como positivos. Pelotas possui uma rede ativa de proteção às mulheres, com locais especializados, como o Centro de Referência de Atendimento à Mulher. Outra prática importante é a realização de campanhas para fortalecer o público feminino e incentivá-lo a sair do ciclo de violência.
A profissional da Segurança destaca o monitoramento dos indicadores de violência contra a mulher como essencial para políticas públicas e ações voltadas à causa. “A partir do momento que se conhece o cenário, é possível pensar em medidas de contenção de crimes e violências”, explicou. No entanto, a coordenadora do Observatório alerta que essa queda pode estar associada, também, ao não registro de ocorrências.
O declínio nos indicadores de violência contra a mulher, na visão da assessora especial do Pacto Pelotas pela Paz, Aline Crochemore, reafirma a relevância do Município ter pautado a segurança pública como tema prioritário.
“Esse resultado é consequência do trabalho permanente, proativo e integrado da rede de enfrentamento à violência contra a mulher. Nenhum tipo de opressão deve ser tolerado e seguiremos aprimorando as estratégias de enfrentamento através do Pacto”, frisou Aline.
Para o secretário interino de Segurança Pública, José Apodi Dourado, são vários os fatores que colaboram para manter essa taxa de ocorrências reduzida, como as ações de prevenção promovidas pelo Pacto, uma vez que assistem às pessoas em maior situação de vulnerabilidade. A integração entre as forças de segurança e Judiciário também contribui para a manutenção das medidas protetivas e, consequentemente, para uma maior proteção.
Dourado ressaltou, ainda, a importância de incentivar a denúncia por parte de vítimas de agressões. “Procure ajuda junto aos órgãos de apoio, sempre que se sentir ameaçada”, completou, colocando, novamente, as forças de segurança à disposição de quem precisar.
Queda também em todo o Estado
A pesquisa realizada pelo Observatório de Segurança Pública também trouxe um comparativo, do mesmo período, de índices criminais entre Pelotas e o Rio Grande do Sul. Os resultados mostram que, no que tange aos indicadores de violência contra a mulher, a queda acontece no Estado como um todo, conforme mostra a lista abaixo.
* Ameaça: – 18,5%
* Lesão corporal: – 24%
* Estupro: – 4,7%
* Feminicídio consumado: – 12,7%
* Feminicídio tentado: – 36,6%