LOUIS BRAILLE : Secretaria adultera ata e prejudica a Escola
Alunos, professores, funcionários e direção da Escola Louis Braille, que atende portadores de deficiência visual lotaram o plenário da Câmara, ontem, para denunciar a adulteração de documentos por parte da Secretaria Municipal de Justiça Social e Segurança, com desvio de verbas, retirada de metas (com aporte de recursos) e prejuízo no atendimento aos alunos de Pelotas e mais 27 cidades da região.
“Tirar doce de cego” é uma expressão antiga usada para definir certas “facilidades” em ações diversas. Não é bem assim. Na Escola Louis Braille, instituição voltada a atender deficientes visuais, injustiças não passam despercebidas: são vistas e combatidas. Foi assim que um “erro” foi detectado ainda em tempo de correção, sem prejuízo aos serviços prestados pela instituição. Pelo menos é o que esperam dirigentes, professores, alunos, funcionários e a comunidade Braille de 22 municípios da Zona Sul do Rio Grande do Sul.
Para acessar recursos de um Programa do Governo Federal – Ministério do Desenvolvimento Social – a Escola se credenciou da forma exigida por edital específico. Preencheu todos os requisitos e ficou apta a receber os recursos, juntamente com outras instituições que prestam serviços de inclusão social em Pelotas. Com um detalhe relevante: a Escola Louis Braille ficou em primeiro lugar dentre as demais que apresentaram suas metas para receber o recurso. Estava tudo acertado para o recebimento de R$ 11 mil mensais.
Tudo certo, bonitinho, tudo legal. Errado. O trâmite local, do convênio intermediado pela Prefeitura de Pelotas via Secretaria de Justiça Social e Segurança, não foi como os dirigentes Braille esperavam. E na hora de assinar o convênio, a percepção de que a ata da distribuição dos recursos – valor total de R$ 36 mil – havia sido alterada em prejuízo à instituição. Pior: de primeira no “ranking” da distribuição, a Louis Braille caiu para última. E o valor que receberia caiu de R$ 11 mil para R$ 3 mil mensais.
“Isso é uma injustiça e nós vamos protestar contra o que achamos má fé contra a nossa instituição”, resumiu indignado o presidente da Escola, Dilmar Rodrigues, explicando que a redução dos recursos trará muitos prejuízos à Escola e aos serviços que ela presta à comunidade de Pelotas e região.
INDIGNADOS, dirigentes, professores, alunos, familiares e funcionários da Instituição foram, primeiramente, para a rua protestar contra a injustiça da Secretaria de Justiça. Durante cerca de 30 minutos houve uma manifestação em frente à Escola, pela rua Andrade Neves. Após, o grupo seguiu para a Câmara Municipal e aumentou o protesto, com o aval dos vereadores.
“Não podemos aceitar a adulteração de uma ata que traz prejuízos à nossa escola. Fomos enganados, sim”, dizia a diretora da instituição, Marilei Chiesa.
O vereador Ademar Ornel(DEM), presidente do Legislativo Municipal disse que “houve crime qualificado com tentativa de se prevalecer da condição de deficiência visual dos dirigentes da Escola”.
CONTRAPONTO – A titular da Secretaria de Justiça Social e Segurança, Clesis Crochemore, disse à Reportagem do Diário da Manhã que não houve má fé e sim a tentativa de equilibrar a distribuição dos recursos. “Havia uma desproporção na distribuição e tentamos melhorar a situação, mas estamos prontos para reparar o erro”, assegurou. Ela informou ainda que espera uma posição do prefeito para encontrar uma alternativa que não prejudique nenhuma instituição e os serviços que elas prestam à comunidade. As outras instituições são a APAE, Cenerepe, Escola Alfredo Dub e Circulo Operário Pelotense.