Maior oferta de leite provoca queda dos preços e preocupa produtores gaúchos
Os dias com maior luminosidade e a boa umidade no solo propiciam condições mais adequadas de produção dos campos nativos, favorecendo a oferta de alimento para o rebanho e se refletindo no aumento da produção de leite. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, as pastagens apresentam bom desenvolvimento, principalmente se tratando de espécies perenes (tiftons, jeegs, aries, aruana e capim elefante, entre outras). O incremento da taxa fotossintética, favorecido pelas condições climáticas, associado ao manejo da pastagem (adubação e piqueteamento), incrementa a produção de massa verde e a oferta de pasto ao rebanho bovino leiteiro.
“Importante destacar que no ano de 2016 tivemos os melhores preços dos últimos anos, no entanto, a maior oferta de forragens aumentou de forma significativa a captação de leite pelas indústrias, que aliada a uma demanda retraída jogou os preços para baixo no terceiro mês consecutivo”, avalia o diretor técnico da Emater/RS, Lino Moura.
Em algumas regiões do Estado, os produtores que utilizaram as pastagens de inverno, como azevém, trevos e cornichão, atualmente em final de ciclo, conseguiram manter o estado corporal dos animais e evitar queda na produção. Em algumas propriedades terminou o uso da silagem que havia e os animais são mantidos em pastagem. Os produtores que utilizam o sistema de piqueteamento nas pastagens têm conseguido um melhor aproveitamento das forrageiras.
Como o cultivo do milho é importante para a obtenção de forragem para o gado de leite, alguns produtores ainda estão plantando milho para silagem, uns fazem cobertura de ureia e outros confeccionaram fenos de aveia e azevém, conservando assim a forragem na propriedade. Como a época é de vazio forrageiro, muitos produtores que não possuem pastagens perenes de verão estão tendo que aumentar o fornecimento de silagem ou rações para manter a produção. Já os produtores de leite à base de pasto que possuem planejamento forrageiro conseguem manter alta a produtividade no período, com baixo custo, praticamente eliminando o vazio forrageiro de primavera.
Apicultura – Com a floração das matas, campos nativos e demais culturas, os enxames apresentam ótimas condições sanitárias e de desenvolvimento. O aumento das temperaturas e da luminosidade intensifica a atividade das colmeias. Os apicultores intensificam as capturas de enxames, a instalação de caixas e colocação de sobre caixas nos apiários. A revisão dos enxames e a troca dos quadros de cera é outro manejo realizado com o objetivo de produzir abelhas operárias de maior porte e capacidade produtiva. A expectativa é de uma boa safra de mel, pois os enxames estão bastante populosos e temos muitas flores.
GRÃOS
A semeadura do milho já atingiu 85% da área prevista (805.646 ha), com boa germinação. Parte da área cultivada já está entrando na fase de floração (pendoamento) e as condições climáticas, como sempre, terão papel importante e decisivo para a definição da safra. Atualmente o potencial produtivo é muito bom. Em algumas regiões ocorreu maior plantio de área no cedo, em detrimento da safrinha, que deve ser ocupada com a cultura da soja.
Na soja, é intensa a implantação da lavoura. A boa umidade no solo e os dias ensolarados favoreceram a semeadura de soja, que já atinge 27% no RS. Muitos produtores gaúchos realizam a colheita de trigo e o plantio da soja em sequência. Em muitas áreas de lavouras é grande o volume de resíduo de palha das culturas de inverno, o que exige condições de umidade do solo mais baixas para a realização da operação de plantio.
A elevação das temperaturas também beneficia a implantação e o desenvolvimento do feijão 1ª safra. A implantação da lavoura se aproxima dos 70% no Estado, mantendo um pequeno atraso. Esse percentual, a partir do mês de dezembro, deverá evoluir, quando as áreas da região dos Campos de Cima da Serra iniciaram a semeadura. Até o momento, há baixa incidência de pragas e doenças nas lavouras.
O plantio do arroz atinge cerca de 75% da área estimada no Estado, que é de 1.094 hectares. Entre as regiões, a que está com atraso maior é a Central. As chuvas foram favoráveis para a germinação das áreas plantadas, porém, em alguns locais, o grande volume de chuva causou prejuízos, com rompimento de taipas e enxurradas, que arrastaram sementes e fertilizantes. Os produtores continuam com trabalhos de recuperação das áreas prejudicadas. A expectativa dos orizicultores é de uma safra melhor em função das previsões climáticas, podendo ocorrer aumento de área em alguns locais.
A colheita do trigo segue em ritmo acelerado, inclusive em decorrência da necessidade de abrir áreas para a implantação da soja. As produtividades se mantêm elevada, com produtores colhendo acima de 4.500 kg/ha em determinados talhões, não compreendendo a média das lavouras, que deverá ficar um pouco acima da incialmente estimada (2.215 kg/ha).
Pêssego – No Norte do RS, a safra de pêssego encontra-se em plena colheita das variedades Peach e Premier, com produtividade batendo na casa das 7 toneladas por hectare. Está começando a colheita da variedade Chimarrita, com frutos de boa qualidade, em menor quantidade, mas com maiores tamanhos e mais doces.
Alho – Na Serra, prossegue a colheita das variedades precoces da cultura, sendo levadas para os galpões para a devida cura. A qualidade do produto colhido se mantém boa, assim com o calibre dos bulbos. As demais lavouras se encontram em bulbificação, mantendo a sanidade das plantas. No momento, a principal prática cultural é o despendoamento, ou seja, o corte da haste floral, tendo como principais objetivos favorecer o enchimento do bulbo e evitar a perda de peso pelo seu desenvolvimento nos galpões, durante o período de cura. A divulgação dos preços praticados no Centro Oeste brasileiro, região grande produtora do bulbo, vem gerando uma atmosfera positiva junto aos produtores da região, criando perspectivas de valorização futura do produto.