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Pesquisa da UCPel analisa o tabagismo entre jovens mães e gestantes pelotenses

18 julho
15:24 2016

O cigarro mata mais de 6 milhões de pessoas por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e é a principal causa de morte evitável. Com foco nessa temática e a fim de verificar a incidência do tabagismo entre as jovens mães e gestantes de Pelotas, a médica pneumologista mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento (PPGSC) da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Raquel Janelli, voltou-se ao tema, procurando entender a razão pela qual essas mulheres fumam e por que não conseguem deixar o vício. A pesquisa revelou que quase 28% do público estudado é fumante.

Com o título “Prevalência de Tabagismo em mulheres jovens que foram mães na adolescência na cidade de Pelotas”, o estudo teve como base uma amostra de 516 jovens mães, com idades entre 15 e 23 anos. Segundo o estudo, a prevalência do tabagismo pode depender da idade, escolaridade e renda. A experimentação do cigarro geralmente começa na adolescência, sendo que aproximadamente 76% das mulheres fumam pela primeira vez antes dos 19 anos.

Segundo Raquel, que também é professora do curso de Medicina, a iniciação do fumo tem a ver com o contexto familiar. “A mãe, família e colegas influenciam muito nas atitudes dessas adolescentes, inclusive para o fumo. A personalidade de um adolescente ainda está em formação, então ele é mais influenciável”, alerta.

Entre as gestantes, o risco do fumo é ainda maior, pois não só a saúde da gestante é prejudicada, mas também a do bebê. “Muitas jovens fumam durante a gestação pelo mito de que o fumo pode diminuir as dores do parto e pelo controle de ganho de peso”, aponta. Além disso, jovens mães podem apresentar mais motivações para fumar devido ao estresse e a possibilidade de pré-disposição à depressão e transtornos de ansiedade. “Esses fatores são pouco conhecidos pela população. A prevalência do fumo pode estar relacionada a transtornos psiquiátricos, e através desse estudo quero abrir portas para o planejamento de ações preventivas contra o tabaco”, adianta Raquel.

Durante a coleta de dados, as jovens mães responderam questionários sócio-demográfico e sobre o possível uso de drogas lícitas e ilícitas, além de serem submetidas a métodos para estabelecer um diagnóstico psiquiátrico, quando foi avaliada a possibilidade do transtorno depressivo maior, risco de suicídio, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e os transtornos de ansiedade.

Fatores preponderantes

De acordo com o estudo, das 516 entrevistadas, 138 declararam que fumam. Ou seja, o tabagismo estava presente em 27,9% das jovens mães em Pelotas. O resultado é semelhante com ao da coorte de 1982 realizada na cidade, porém superior à prevalência em outras populações no Brasil e no mundo. “Por sermos um estado produtor de tabaco, a nossa região é culturalmente mais fumante do que outros lugares”, alerta Raquel.

A grande maioria (86,2%) das jovens mães que fumavam tinham entre 19 e 23 anos. A renda familiar de 41,3% oscilava entre um e dois salários mínimos e 64,1% pertencem à classe C. No que diz respeito à escolaridade, 53,3% possuíam entre o Ensino Fundamental Completo ou Médio Incompleto. Ainda no subgrupo de fumantes, 34,8% apresentavam grau de dependência de moderado a alto e 99,3% dessas jovens viviam com outros fumantes em suas casas. Em relação aos distúrbios psiquiátricos, foi identificada uma incidência maior de depressão, risco de suicídio, e outros transtornos de ansiedade entre as mães que fumam.

Por fim, foi verificado que quanto maior o estado de fragilidade psicológica e social, maior a prevalência de tabagismo entre as jovens mães. A dissertação está em fase de análise para ser publicada pelo Jornal Brasileiro de Pneumologia.

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