Qualidade da energia elétrica será debatida hoje em Pelotas
Problemas na transmissão são resultado da ausência histórica de investimentos
Desde dezembro a rede elétrica que abastece Pelotas e outros municípios da Metade Sul passa por situações de interrupção de energia e desligamentos programados.
Com o aumento do consumo no verão, o problema histórico da falta de manutenção e investimentos na Companhia Estadual de Energia Elétrica foi agravado. “Vivemos uma situação de aumento de consumo. Com a política do governo Lula e da presidenta Dilma, houve mudança significativa da qualidade de vida das pessoas. Hoje as pessoas têm geladeira, ventilador, o ar-condicionado que há 8 anos custava R$ 7 mil, hoje custa R$ 1 mil. Ao mesmo tempo vivemos o sucateamento da CEEE, que após a privatização ficou muitos anos sem investimentos”, destaca a deputada Miriam Marroni (PT).
Em conversa com técnicos da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica , a deputada buscou respostas para os problemas vivenciados em Pelotas. Até o mês de dezembro, com as manutenções realizadas, a CEEE disponibilizou mais carga para suprir as necessidades, mas o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) se viu obrigado a desligar os alimentadores para que não houvesse colapsos e problemas mais graves.
“O governo Tarso, nestes três anos, vem trabalhando efetivamente para reconstruir a empresa estatal de economia mista que sempre foi o orgulho dos gaúchos por sua eficiência. Infelizmente, a partir de 1997, no governo Fernando Henrique, a visão de privatista deu início a uma crise. Na época a CEEE passou a atender só um terço do Estado, compondo a Região Metropolitana e a Metade Sul. Desde a privatização a companhia ficou fragilizada e com as regras da ANEEL piorou. Podemos ressaltar investimentos nos governos Olívio e Rigotto. O declíneo maior da Companhia foi com a falta de manutenção da rede no governo Yeda. A modernização e manutenção das subestações não aconteceu. A CEEE passou um período sem modernizar os cabeamentos, não fez obras de subestações, não houve troca de transformadores e alimentadores. A rede ficou velha”, relata a deputada.
Apenas em Pelotas, são 137 mil unidades consumidoras abastecidas. Destas, 85% são de consumidores residenciais. De 2010, quando era de 49,5 MWh, o consumo médio aumentou para 56,1 MWh em 2013. “Apenas no ano passado, foram R$ 12,2 milhões investidos em expansão, melhorias e manutenção na regional. O problema maior não é falta de energia, mas a transmissão e a distribuição dessa energia”, destaca Miriam.
O atual governo recuperou R$ 2 bilhões da Conta de Resultados a Compensar (CRC) e iniciou um processo de investimento em grandes obras de manutenção para a recomposição da rede.
MELHORIAS NA REGIÃO
Os municípios de Pelotas, Arroio grande, Arroio do Padre, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedro Osório e Piratini possuem 211.530 consumidores. O consumo na região apresentou crescimento de 2,35% apenas em 2013. Canguçu foi o município que apresentou maior crescimento: 6,98%. A capacidade da Regional Sul possui atualmente uma capacidade de transformação total de 231 megawatts. O sistema local do município de Pelotas é atendido por 4 subestações de energia, totalizando uma potência de 143,75 megawatts.
Três subestações apresentam sobrecarga. A Pelotas 1 é a única que não está em sobrecarga porque possui um transformador instalado de forma provisória.
No sistema de distribuição a companhia tem reformado alimentadores (média tensão) e realizado melhorias em circuitos de baixa tensão com ações de: troca de postes de madeira por concreto, substituição de redes convencionais por compactas (ecológicas), extensões de rede, instalação de transformadores e realização de podas em vegetações próximas à rede elétrica, o que contabiliza o valor de R$ 25 milhões no período entre 2011 e 2013. Para atendimento das áreas rurais estão previstos para o período de 2014 e 2016 investimentos aproximados de R$ 15 milhões.
CAPACIDADE DE ENERGIA INSTALADA E OBRAS EM ANDAMENTO EM PELOTAS
Pelotas 1 (- Abastece na Zona Urbana: Laranjal, Z3, Areal, Fátima, Cruzeiro, Porto, Balsa, Navegantes, Jardim Europa e Arco-Íris. Na Zona Rural: Galatéia. Tem capacidade de transformação de 50 e passará a 75 MVA. A obra prevê ampliação e modernização. Foi iniciada em 2012 e apresentou problemas com a empresa contratada (EFACEC) fazendo com que houvesse a rescisão do contrato no final de 2013. Como a empresa recorreu, está correndo o prazo legal na justiça. O investimento total previsto é de R$ 10,9 milhões e beneficiará 45 mil consumidores.
Pelotas 2 (Em frente a Pelotense) – Abastece na Zona Urbana: Centro, Fragata, Guabiroba, Jardim América, Três Vendas e Santa Terezinha. Tem capacidade de transformação 62,5 MVA. Esta subestação tem sofrido cortes de carga porque os alimentadores estão no limite. Não há obras previstas, mas a sobrecarga será absorvida pela Pelotas 1 e a nova Pelotas 5.
Pelotas 3 – Abastece Pelotas e os municípios de Capão do Leão, Morro Redondo e Canguçu. Tem capacidade de 166 MVA. Pelotas 3 está autorizada para ampliação e modernização. A conclusão desta obra está prevista para o início do segundo semestre de 2015 e tem investimento de R$ 14,2 milhões.
Pelotas 4 – Abastece na Zona Urbana: Norte das Três Vendas e Vila Princesa. Zona rural de Pelotas e município de Arroio do Padre. Tem capacidade de 12,5 MVA. A ampliação incluirá a instalação de novo transformador de Alta Tensão e modernização. Está em fase de licitação com a previsão de assinatura do contrato para o primeiro semestre de 2014. A obra prevê investimento de R$ 6,9 milhões e a previsão de conclusão é para o segundo semestre de 2015. As expansões atenderão aproximadamente 43 mil consumidores.
Pelotas 5 – A Pelotas 5 será construída na Zona Norte de Pelotas, no bairro Lindóia, com capacidade de transformação de 50 megawatts e 8 novas saídas de alimentadores. Foi licitada, com previsão de assinatura do contrato para o primeiro trimestre de 2014 e tem como principal objetivo aliviar a carga das subestações Pelotas 2 e Pelotas 4, eliminando sobrecargas em transformações existentes e permitindo uma melhor distribuição de carga na rede de distribuição. O investimento previsto é de R$ 24,8 milhões e inclui a construção da subestação e da linha de transmissão. A previsão de energização é para junho de 2015. Estas expansões poderão atender aproximadamente 80 mil consumidores. Há uma ocupação no terreno que é da CEEE. A questão está sendo tratada com a prefeitura de Pelotas.
Subestação de Morro Redondo – Foi licitada em setembro de 2013. A obra vai iniciar em abril e tem previsão de término apenas para 2015. O investimento é de R$ 12,6 milhões.
CONSELHÃO DISCUTE QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA EM PELOTAS
A qualidade do fornecimento de energia elétrica será pauta de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS), em Pelotas. A atividade denominada “Diálogos CDES – Pelotas” tem dois objetivos: oportunizar que o Estado e a União apresentem o cronograma de investimentos previsto para qualificar o atendimento aos consumidores domiciliares, às micro e pequenas empresas e as indústrias da cidade e ouvir da população a análise sobre a qualidade do serviço prestado. A região é atendida pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).
O evento será realizado hoje, às 15h30, no Auditório Simon Bolívar, no Centro de Interpretação do Mercosul – Rua Andrade Neves, 1529.
O presidente da CEEE, Gerson Carrion de Oliveira falará sobre o quadro atual do abastecimento de energia elétrica, detalhando todas as iniciativas da concessionária para o município e região, o cronograma de obras entre outras informações aos consumidores. O Diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo Custódio apresentará os investimentos que estão sendo feitos em Pelotas.
Esta atividade do Governo do Estado sobre energia a qualidade do abastecimento está sendo organizada pelo Gabinete dos Prefeitos e Relações Federativas em parceria com a Secretaria Executiva do CDES-RS, atendendo pedido especial do governador Tarso Genro após debater o assunto com o prefeito de Pelotas, Eduardo Leite, na última atividade da Interiorização do Executivo estadual, realizada no fim de janeiro no município.
O encontro será coordenado pelo secretário-executivo do CDES-RS, Marcelo Danéris. Estão confirmados ainda o secretário do Gabinete dos Prefeitos, Jorge Branco, o prefeito Eduardo Leite, o presidente da Câmara de Vereadores de Pelotas, Ademar Ornel, representantes da Associação de Municípios da Zona Sul (Azonasul), do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede), lideranças de trabalhadores e empresários.
Em várias regiões do estado, atendidas também por outras concessionárias de energia, foram constatados problemas, entre os quais se destacam: baixa tensão, gerando dificuldades de ligar equipamentos e eletrodomésticos, queimas de equipamentos, prejuízos na qualidade do leite e fumo, morte de frangos em aviários, impedindo investimentos e inibindo o desenvolvimento.