RACISMO : Mulher negra é vítima de segregação racial
Nas imediações da UCPel, mulher negra discriminada em lanchonete
Humilhação, constrangimento e segregação. Como motivação para o menosprezo, a cor da pele. Assim consta no boletim de ocorrência, registrado na Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), pela vítima de 39 anos. Ela relata que, em torno das 22h de quinta, dirigiu-se a estabelecimento nas proximidades da UCPel, para alimentar-se. A alternativa, porém, que seria trivial, tornou-se ofensiva e o conflito virou caso de polícia.
DESCASO – De acordo com o relato da vítima, o estabelecimento funciona até 1h, e ela chegou três horas antes do funcionamento. No local, constatou que o serviço seguia normal, com clientes sendo atendidos, e os entregadores chegando e saindo com frequência. Mas, quando chegou a sua vez de ser atendida, o tratamento mudou. Inicialmente, ela conta que aguardou trinta minutos até que fosse atendida, e pudesse solicitar o pedido. Foi então, que ouviu da atendente que o pão havia acabado. A cliente de imediato, sentiu-se “rechaçada”, pois o atendimento seguia acelerado, e os pedidos iam sendo despachados no balcão.
POLÍCIA – A mulher menciona que havia quatro funcionários atendendo, e a demanda era intensa. Ela questionou por quê não estava sendo atendida como o restante da clientela. A pergunta desagradou a atendente, que ameaçou chamar a Brigada Militar. Conforme a vítima, a atendente alegou que a presença já estaria perturbando o trabalho. A vítima então disse que aguardaria pela chegada da polícia, já que desejava o esclarecimento do fato.
OFENSA – Com a chegada dos policiais militares, que procuraram saber o que estava ocorrendo no local, a atendente foi questionada e disse que a cliente “comeu mas não pagou”. A vítima espantou-se com a farsa, e afirmou aos policiais que teria como pagar. Assim, abriu a bolsa e mostrou cartões e dinheiro. A atendente então, sem argumentos, passou a dizer que a mulher estaria “cheirada”. Diante das ofensas, diz a vítima, os policiais perceberam que a atendente estava blefando.
DIREITOS – Com o desconforto e mal-estar causado pela situação, a vítima foi à delegacia, pois alega que, em decorrência da cor, teve negado o seu desejo de ser atendida dignamente. Segunda ela, clientes próximos notaram as ironias e mentiras, ditas pela atendente da lanchonete. A vítima deseja processar criminalmente, e acrescenta que há câmeras no estabelecimento. Ela sugere que sejam requisitadas as gravações, pois comprovam que não teve um tratamento decente e respeitoso.
CASO está repercutindo e, possivelmente, assim como já houve com outros estabelecimentos que receberam críticas públicas, lideranças do movimento negro serão consultadas sobre a medidas cabíveis, já que se houver consentimento com o desrespeito, tende a se naturalizar a segregação racial. Carlos Cogoy/Jornal Diário da Manhã