REVOLUÇÃO FARROUPILHA : Aplicativo com jogo sobre fatos históricos
Dias 19, 20 e 21 de setembro de 1835, início da Revolução Farroupilha, também é o ponto de partida de aplicativo para Android
Por Carlos Cogoy
Ao percorrer o mercado do Porto em Montevidéu ano passado, ele observou arte no muro de escola. Os desenhos eram simples, provavelmente elaborados pelos alunos, e contavam a história do herói uruguaio José Gervasio Artigas. Como egresso da formação em programação visual no IFSul, e o bacharelado em ciência da computação na UFPel, o pelotense Bruno Machado da Silva motivou-se para a criação de Aplicativo (App). Ele explica: “Naquele muro tomado de desenhos, fragmentado em cenas, me encantou a facilidade com que as crianças conseguiram explicar, de forma clara e simples, a história local.
Isso me marcou bastante para ter a ideia do app. Voltando da viagem eu coloquei em prática a vontade de construir um aplicativo. Convoquei alguns amigos para ajudar e expliquei o projeto. Infelizmente eles não puderam seguir na implementação. Então desde junho de 2014, eu botei a mão na massa em 100% do app: desenhos, programação, ideias e tudo mais, sempre inspirado no muro do colégio e na vontade de saber que fatos históricos haviam acontecido, pelos lugares que eu passava”. Com a proximidade de mais uma celebração da Revolução Farroupilha, Bruno está divulgando a primeira etapa do app. Para aprimorar o projeto, ele necessita de parcerias. Acesso: https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.farrapos
IDEIA – Bruno menciona: “Eu sou desenvolvedor de software, além de desenhista nas horas vagas. Sempre gostei muito de história, e em especial sempre me chamou a atenção a história do Rio Grande do Sul. Eu também sempre tive vontade de saber quais fatos históricos haviam ocorrido pelos locais que eu percorria. Essa foi a ideia inicial para criar um app. Felizmente terminei a primeira fase Android em tempo para o ‘aniversário’ de 180 anos da revolução.
Porém, infelizmente não tive mais tempo e dinheiro, sendo assim não pude mais investir no projeto. Por exemplo, não consegui lançar iOS e nem para tablet Android. Talvez ano que vem, para seguir o projeto, seja necessário monetizar o app, mas da forma menos obstrutiva possível. Creio que o app talvez aumente o interesse na matéria de história, ou até mesmo futuramente possa ser usado nas escolas”.
JOGO conforme Bruno: “Num primeiro momento cada jogador começa com um personagem, indicado no mapa, em Porto Alegre. Ao olhar para o mapa, o jogador irá ver marcas com o símbolo imperial, que serão referências para acontecimentos ou pontos importantes. Também é possível ver linhas no mapa, que indicam uma ordem cronológica. Clicando nesses pontos, o usuário terá de ‘viajar’ até ele e ‘combater’ para conquistar o ponto.
A cada ponto conquistado o personagem do usuário evolui e alcança novas patentes no exército. Para fim de entretenimento, a evolução do personagem é o foco do usuário. No próximo lançamento, já com o segundo capítulo, contarei sobre o contra-ataque imperial. Após os acontecimentos de 20 de setembro, será possível escolher o ‘capítulo’ da história e mostrar essas linhas cronológicas. O aplicativo está disponível. Porém, como o trabalho de pesquisa e ‘compilação’ do material consome bastante tempo, o lançamento acontece em ‘capítulos”. Na primeira parte me detive em alguns pontos entre o dias 19 e 21 de setembro de 1835. Pretendo seguir mapeando e dividindo em capítulos, até o fim da Revolução. Num primeiro momento está disponível para Android, mas se a ideia tiver boa receptividade pretendo implementar para o sistema Windows phone e também iOs”.
POLÊMICA – A historiografia crítica e recente tem questionado a versão oficial da Revolução. No início do conflito, os líderes não eram republicanos, tampouco abolicionistas. Derrotados, receberam verbas do Império, houve corrupção e toda sorte de safadezas. Bruno opina: “Considero esse trabalho como uma pesquisa, então mais amplo que apenas desenvolvimento de software. Pra isso, procurei todo tipo de fonte: revistas, jornais, séries, livros, monografias etc. A pretensão não é gerar grande polêmica e nem definir a figura do gaúcho como herói, embora no jogo o usuário seja um farrapo. Não vou fugir de temas polêmicos, como por exemplo, a traição de Porongos. No caso de Porongos, por exemplo, há muitos fatos interessantes para serem apresentados: algumas fontes citam historicamente algumas trocas de mensagens entre comandantes, para que o massacre ocorresse. David Canabarro chegou a estar em processo para ser julgado, sob acusação de culpa, mas o general Osório interviu após o fim da guerra. Esta será uma das partes onde pretendo provocar maior reflexão ao usuário. Será que a história, esse contexto, muitas vezes não se repete de diferentes formas? Eu muitas vezes me pego traçando paralelos, especialmente com o massacre de Porongos. A crise atual no Estado me lembra muito Porongos”.