SETE DE ABRIL : AMASETE adverte sobre a morosidade que prevê a reabertura apenas em 2020
Por Carlos Cogoy
Orçada em R$1.400.000,00, a restauração da cobertura do Theatro Sete de Abril ocorreu em 2012. Era a administração Fetter Jr e, no ano anterior, a Secretaria de Cultura havia elaborado e aprovado o projeto, bem como captado os recursos. Também em 2012 mas, em agosto, surgia a Associação Amigos do Theatro Sete de Abril (AMASETE). Atualmente presidida pelo pesquisador e suplente de vereador Daniel Barbier (PSol), a AMASETE observa a demora para a conclusão do restauro do prédio histórico. Transcorrido mais um 7 de abril – designa o Theatro, numa homenagem ao dia no qual o imperador D. Pedro I abdicou em favor do filho Pedro II em 1831 -, evidencia-se o longo restauro Sete de Abril adentro. E a previsão de reabertura, conforme a AMASETE, é para 2020. Mas, avalia diretoria da Associação, como a tônica tem sido a morosidade em decorrência de questões burocráticas, o prazo talvez não esteja plenamente assegurado. As reivindicações, atos, mobilizações e reuniões junto ao poder público, têm marcado a trajetória da AMASETE. Mas o grupo questiona: “A comunidade local e o meio artístico, acreditam na importância do Theatro Sete de Abril para o desenvolvimento cultural de Pelotas? A AMASETE sozinha, sem a união de forças, não conseguiu modificar o andamento moroso do processo. E cabe a reflexão, por todos nós, do que queremos para o Theatro Sete de Abril. O abandono, a espera, ou as portas abertas imediatamente?”.
O QUE FALTA ? – Neste início de ano, quando Barbier assumiu mandato no Legislativo, houve a solicitação de informações à Secretaria Municipal de Cultura (Secult). Em reunião ao fim de fevereiro, o secretário Giorgio Ronna e arquitetos da Secult, explicaram sobre o andamento do processo. Conforme relato, a planilha orçamentária está sob análise do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão que tem o dever de preservar a casa cultural. A direção do IPHAN, de acordo com os integrantes da Secult, assegura que estão garantidos os R$7 milhões para a segunda etapa. Já para a terceira etapa, que abrange as poltronas, caixa preta com os respectivos instrumentais e elementos, bem como a climatização, os recursos serão “captados concomitantemente ao andamento da obra”. A expectativa do titular da Secult é que, mediante a conclusão do processo e elaboração de licitação, o início da obra aconteça no segundo semestre deste ano. Porém, a equipe da AMASETE observa que o ano é eleitoral, o que poderá interferir no desdobramento das etapas: “Pensamos que, se o ano de eleição limita a liberação de recursos federais ao primeiro semestre, a licitação prevista para o segundo semestre, provavelmente desencadeará um rearranjo de prazos. Com isso, parece-nos que infelizmente a burocracia será de novo utilizada, para justificar a exagerada morosidade do governo atual”.
ECONOMIA DA CULTURA é atingida com o Theatro fechado. AMASETE menciona: “O Theatro Sete de Abril fechado afeta a economia de bens e serviços na economia da cultura. Impede que projetos públicos artísticos de médio porte, nas áreas de teatro, dança, circo e festivais, entre outros, sejam realizados. E são esses espetáculos que movimentam, em boa escala, o pequeno comércio, as empresas de luz e som, artistas, cenógrafos, costureiras e músicos. Além disso, o espaço também acolhe espetáculos de outras regiões do Brasil, principalmente de teatro que, em geral de porte médio, podem ser realizados sem grandes custos, o que proporciona ingressos mais acessíveis. Já em relação ao turismo, é por demais trágico quando se pensa que, muito do que se vende de Pelotas, é seu centro histórico, porém, sem acesso ao maior ícone arquitetônico e artístico. Com trajetória de 184 anos, o Sete de Abril está fechado há oito e sem manutenção há décadas”
Ações da AMASETE
Na trajetória da AMASETE que tem, entre os princípios, apoiar as atividades afins do Theatro Sete de Abril, houve inúmeras ações para ressaltar a necessidade de zelo com o patrimônio da comunidade. No legislativo, a equipe menciona o apoio dos vereadores Fernanda Miranda (PSol), Ivan Duarte (PT), e Marcus Cunha (PDT), bem como assessores técnicos e jurídicos. Além disso, o grupo menciona: reuniões com o ex-prefeito Eduardo Leite, periodicamente com o secretário Giorgio Ronna (Secult); entrega à prefeita Paula Mascarenhas, do abaixo-assinado “Sete anos sem o sete”; audiência pública na Câmara Municipal; campanhas institucionais desenvolvidas pela Moviola Filmes; manifesto impresso que foi distribuído nos 184 anos do Theatro. A equipe critica: “Por certo, não foram suficientes para mudar a inércia do meio cultural e artístico de Pelotas, que ‘parece’ não ter percebido que a burocracia está sendo utilizada para responder a uma ação lenta e, não tão comprometida com a urgência da abertura das portas do Theatro para a comunidade cultural local”.
DIRETORIA reúne Daniel Barbier (presidente), vice Annie Fernandes, diretor financeiro Haroldo Campos, administrativo Ana Lucia Alt. Conselheiros: Diego Carvalho (teatro); Daniel Amaro (dança); Daniela Moreira (música); Paulo Gaiger (patrimônio cultural). Conselho fiscal: Claudio Peng (presidente); José Carlos Soares; Maria da Conceição; Charlie Rayné; Theatro Sete de Abril.