SUCESSÃO NA UFPEL : Propostas da Chapa 2 “UFPel Mais”
A UFPel terá eleição nos dias 23 e 24, e as quatro chapas concorrentes foram questionadas pelo DM. A publicação obedece a ordem de envio das respostas
Por Carlos Cogoy
DM – Qual a nominata da chapa, e o motivo pela escolha da designação do grupo, uma síntese que evoca quais princípios e metas?
CHAPA 2 – Nominata com Fábio Vergara Cerqueira (ICH), candidato a reitor; Isabel Cristina Rosa Barros Rasia (FAT), candidata a vice-reitoria; Luciana Marini Kopp (FAEM), e Ana Regina Romano (FO), participantes da Chapa.
O Grupo UFPel Mais reconhece e admira a longa história da universidade, para ter chegado até aqui, obra de gerações, de toda a comunidade e das lideranças escolhidas. São 51 anos de UFPel, mas 137 anos se considerarmos a célula mater. Agora é preciso ter ousadia para pensar a universidade do futuro, dos próximos 50 anos!
UFPel Mais é mais compromisso com o desenvolvimento local e regional, fruto de um projeto dinâmico e participativo, amadurecido ao longo de dezesseis anos, envolvendo todos os segmentos, as diversas áreas e, agora em 2020, renovado e pensando a universidade para o presente (pandemia e pós pandemia), com olho no futuro.
Nascido em 2004, com o movimento “Ciência, cultura e cidadania”, o projeto se atualiza com os novos quadros de docentes e técnicos, e novas gerações de estudantes. Somos um grupo que busca conciliar os preceitos da Universidade Humanista que queremos, com as possibilidades reais da universidade que praticamos. UFPel Mais combina humanismo e administração moderna, ágil e mais racional, que enxergue pessoas para além das planilhas e números.
Queremos uma universidade mais desburocratizada, mais dialogada e criativa, que nos desafia perante as consequências da pandemia. Defendemos a pluralidade, o respeito à diversidade e o equilíbrio entre áreas. Queremos uma universidade cada vez mais inclusiva, nos critérios étnico-racial, para negros, quilombolas e indígenas; e no critério de gênero, com atenção especial à população LGBTQI+. Avançaremos na acessibilidade, para os portadores de deficiências visuais, auditivas e de locomoção. Mas queremos também mais internacionalização, numa aproximação com mais países, com foco especial nos BRICS e África.
DM – Como a chapa avalia a atual gestão na reitoria da UFPel?
CHAPA 2 – Houve avanços, mas se impõem mudanças inadiáveis. O ambiente de trabalho está precarizado, sobretudo nas relações humanas dispendidas aos servidores. Técnicos e professores precisam estar bem amparados e valorizados, para poderem desempenhar bem suas tarefas com alunos e a comunidade. A atual gestão tem gerado insegurança no corpo docente ao questionar direitos consolidados há mais de duas décadas; nos técnicos a percepção geral é de desvalorização. A gestão carece de um olhar mais humanista na relação com as pessoas.
A presença da UFPel na comunidade poderia ter sido mais forte, como no passado. Viram-se bons resultados com a Rede de Museus e os três museus que abraçam a praça (Carlos Ritter, Museu do Doce e MALG). Mas faltou visão ao Dirigente Máximo para querer, e apoiar um projeto mais amplo, olhando o conjunto do patrimônio histórico-arquitetônico do qual a universidade é responsável.
DM – Quais os principais eixos temáticos e propostas para o corpo discente?
CHAPA 2 – a) ensino público, gratuito e de qualidade: manutenção e ampliação;
b) CALENDÁRIOS ACADÊMICOS: Na pandemia e pós-pandemia, tomaremos medidas de flexibilização e adaptação dos cursos para minorar os prejuízos aos discentes e manter acesa a chama universitária.
c) ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL: melhoria e rapidez no atendimento ao nosso estudante nos primeiros seis meses de ingresso, oportunizando provisoriamente moradia na CEU e alimentação, até saírem os resultados das bolsas;
d) LAZER, ESPORTE e SOCIABILIDADE: AABB será um centro de esporte, lazer e cultura. Valorizaremos as Atléticas, construiremos quadras abertas versáteis nos campi Anglo e Capão do Leão, com pistas de atletismo no entorno. Implantação de ambientes recreativos para a interação, com áreas de convivência e cantinas.
e) SAÚDE: Criaremos o Ambulatório para a assistência médica, odontológica e hospitalar aos estudantes, técnico-administrativos e professores, incluindo assistência psicológica.
DM – Principais eixos, propostas e temas para os servidores técnico-administrativos?
CHAPA 2 – a) Retomada da jornada flexibilizada de 30h para os servidores técnico-administrativos;
b) Garantir em todos os locais de trabalho de ambiente respeitoso, em que o técnico se sinta valorizado;
c) Condições de biossegurança para futuro retorno às atividades administrativas presenciais, e reformulação da política de insalubridade;
d) Discutir a regularização do trabalho remoto em regimes contínuos, ou de revezamento nos setores cabíveis, como alternativa para distanciamento social preventivo;
e) Incentivo efetivo para os técnicos realizarem pós-graduação.
DM – E para o corpo docente, as principais propostas?
CHAPA 2 – a) Garantia da carga horária mínima em aula determinada pela LDB;
b) Diminuição de burocracia e tarefas redobradas, liberando mais horas para as atividades acadêmicas. PADOC ou assemelhados serão descartados;
c) A gestão deve ser facilitadora da vida do docente, e não o contrário, por exemplo: diminuir dificuldades para as viagens e criar um escritório de apoio a projetos;
d) Apoio aos docentes nas funções de coordenação de cursos de graduação e pós-graduação, por meio de acolhimento e capacitação;
e) Estruturação dos docentes recém ingressos (até cinco anos na carreira), para evitar a frustração inicial, incluindo um programa de fomento à produtividade científica, por meio de editais bianuais de apoio.
DM – A postura da chapa em relação ao processo eleitoral democrático na UFPel, bem como nas relações que permeiam a comunidade universitária. Compromete-se com a democracia na UFPel? Pretende mudanças, quais? Ampliar a participação nas decisões?
CHAPA 2 – Temos compromisso inabalável com a tradição de democracia da UFPel para a escolha da Reitoria, com base no processo organizado por uma Comissão Eleitoral instituída pelas três entidades, Asufpel, Adufpel e DCE. Temos compromisso visceral com a defesa do escolhido para ser Reitor ou Reitora da universidade. Focamos na restauração de uma democracia interna saudável, com respeito às decisões dos órgãos colegiados, com o diálogo proativo com as representações estudantis, bem como com as entidades.
O tempo das decisões verticais vindas de cima terminará e instauraremos a horizontalidade como cultura democrática. As redes sociais não substituirão o diálogo interno como ferramenta da produção de consenso entre a administração e as várias instâncias que compõem a base da universidade, de modo a aproximar gestão e comunidade universitária.
DM – Em setembro, mês do pleito, quais ações marcarão a mobilização da campanha, para difundir as ideias junto à comunidade universitária? Redes sociais serão determinantes?
CHAPA 2 – Debates, lives, entrevistas, redes sociais e contato direto com nossos estudantes pelos canais que se fizerem possíveis, respeitando as limitações impostas pelo isolamento social.
DM – A relação com a comunidade através das atividades de extensão será fortalecida, alterada? O que o grupo planeja?
CHAPA 2 – Ampliação e fortalecimento das ações de extensão local e regional. A UFPel terá agenda intensa com prefeituras da região, levando propostas de projetos para desenvolvimento em várias áreas, como meio ambiente, energias renováveis, mobilidade urbana, habitação popular, cultura, economia solidária e agroecologia. O quadriênio 2021-2024 será o período de superação dos efeitos da pandemia. A UFPel será parceira em várias frentes da população de Pelotas, em condições agora ainda mais frágeis.
Vários projetos deverão contribuir para a recuperação da qualidade de vida e para gerar novas oportunidades. Em especial na área da saúde, Pelotas e região podem contar conosco. Não pouparemos esforços para a conclusão do Hospital Escola, com 350 leitos, cobrindo uma população regional de um milhão de pessoas, assim como o atendimento odontológico contratualizado com o SUS via Prefeitura.
DM – Em menos de dois anos, o Brasil está no terceiro (ou quarto, considerando-se o sr. Decotelli), ministro da Educação, e o ensino público tem sido sistematicamente depreciado e ameaçado. Como a gestão na reitoria se relacionará com essa questão? Mais projeção das atividades da UFPel junto à comunidade, mais presença e articulações em Brasília? O que a chapa reflete sobre essa tensão?
CHAPA 2 – O reitor terá postura proativa e firme na sua relação com o governo federal, sempre defendendo: 1) a Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade em todas as instâncias; 2) a ciência, a educação e os profissionais da educação; 3) as políticas de assistência estudantil e de inclusão; e 4) o tratamento equânime a todas as áreas do conhecimento, sem prejuízo de financiamento às Humanas, Artes e áreas básicas. Deverá, ainda, se articular com parlamentares e entidades para defender a universidade e a educação. Uma extensão forte, como canal de aproximação com cidade e região, será o maior veículo para restabelecer o prestígio da instituição universidade na opinião pública.
DM – Como, à frente da reitoria, a gestão lidará com a redução de orçamento?
CHAPA 2 – A gestão buscará negociar fortemente com o Governo Federal e terá uma agenda política organizada, buscando parcerias junto a prefeitos, governador e parlamentares. Além disso, será criado um Escritório de Apoio ao Desenvolvimento de Projetos, aos moldes de outras universidades, que viabilizará captação de recursos em diferentes esferas locais, estaduais, nacionais e internacionais.