No dia 15 de julho, Géverton Duarte, 44 anos, completou um ano de contrato ininterrupto com o Farroupilha. Algo raro na história recente do clube fragatense, que se caracteriza pela falta de sequência do trabalho de uma temporada para a seguinte. A permanência de Géverton, em 2014, revela o novo momento do Tricolor, que se propõe desenvolver um projeto de longo prazo e transformar o Nicolau Fico num espaço para a formação de jovens jogadores.

“Estou muito feliz, mas muito feliz mesmo, porque a sequência representa a estabilidade profissional, mas sabendo que preciso melhorar. A decepção foi grande na Segunda Divisão, porque sabemos a equipe que temos e não conseguimos classificação em nenhum dos turnos. Mas o trabalho foi bom, tanto que Eduardo Bastos e o presidente (Reginaldo Bacci) quiseram que eu ficasse. E fiquei pelo trabalho. Não fiquei porque ‘puxava o saco’ de alguém”, revela o treinador.

Géverton Duarte assumiu o comando da equipe do Farroupilha no ano passado – ainda na gestão do presidente Ewaldo Poeta. Na Copa Fronteira/Sul, ele conseguiu levar o time à fase semifinal dos dois turnos, com o Tricolor sendo eliminado pelo Pelotas nas duas oportunidades. O treinador é mantido para a temporada seguinte, apesar da troca de diretoria no clube. A campanha na Segunda Divisão não foi boa, apesar de ter um atenuante: o Farroupilha não pôde jogar nenhuma partida dentro de casa, porque o Nicolau Fico não possuía o Alvará de Proteção e Prevenção contra Incêndio do Corpo de Bombeiros. Teve que mandar seus jogos no estádio do São Paulo de Rio Grande.

“Quando o presidente Reginaldo Bacci me chamou tive uma conversa bem franca com ele, numa demonstração de democracia. Ele perguntou: por que eu, Géverton, achava que deveria continuar treinando o Farroupilha? E eu respondi: porque sou bom. E claro que não faço nada sozinho. Tem uma comissão técnica: o Pedro (Garcia, preparador físico), o Sandro (Pires, treinador de goleiros) o Cássio (Ferrari, coordenador técnico). Respeito todos, e eles me respeitam. Mas a decisão é minha”, completa.

Géverton diz que permanência se deu pelo trabalho e não porque “puxava o saco” dos dirigentes
Foto: Alisson Assumpção/DM

FUTURO – Na Segunda Divisão, o Farroupilha venceu apenas três das 12 partidas e terminou sua participação com aproveitamento de 36,1%. Nas competições, que começam em agosto – Copa Fronteira/Sul e Copa RS -, o desempenho em termos de resultado necessita melhorar. “Precisamos vencer mais”, concorda Géverton Duarte. “Com respeito a todos, com a minha humildade, posso dizer que estou muito bem preparado. Me sinto muito competente para chegar aos meus objetivos”, completa.

Para Géverton Duarte, a meta profissional é trabalhar em poucos clubes ao longo da carreira, mas ficando bastante tempo em cada um deles. E para usar uma palavra da moda: deixar um legado por onde passar. “Quando eu sair daqui, vão ligar e perguntar como foi o Géverton? E vão falar do meu trabalho, que pode até não ter o resultado, mas o trabalho tem que ser bom, honesto. Na Segunda Divisão nós não alcançamos o objetivo, mas o Farroupilha era a única equipe que tinha jogada ensaiada”, ressalta.

Quinze técnicos em 10 anos

O último técnico que conseguiu passar uma temporada inteira no Farroupilha e permanecer para o ano seguinte foi Valmir Silva em 1996/97. Nos últimos 10 anos, o Tricolor contou com 15 treinadores diferentes – lista abaixo. Géverton Duarte está passando pela quarta vez no cargo.

2004 – Ceará e Bebeto

2005 – Luiz Eduardo, Géverton Duarte (interino), Hélio Vieira e Bagé

2006 – Bagé e Géverton Duarte

2007 – Géverton Duarte

2008 – Eduardo Pereira e Alberi Rodrigues

2009 – Altair Madruga e Paulo César Freitas

2010 – Tadeu Xavier e Silva

2011 – Bebeto Rosa e Luizinho Vieira

2012 – Badico

2013 – Luizinho Vieira, André Basques e Géverton Duarte

2014 – Géverton Duarte