FORÇA DE UMA PAIXÃO : Brasil insiste em apostar nos sócios
Oscilação no quadro de associados torna a receita variável, interferindo no planejamento econômico do clube
Quando assumiu a presidência do Brasil, em dezembro de 2011, o presidente Ricardo Fonseca antecipou que gostaria de transformar o quadro social como a principal fonte de receita do clube. Na ocasião projetou a meta de cinco mil sócios. Parecia algo distante. Improvável. O tempo passou e o número de associados tem rondado a casa dos cinco mil. É muito em relação ao que era há sete anos, mas pouco se comparado à transformação do clube, especialmente do futebol rubro-negro, nesse período continuado da gestão de Ricardinho.
Atualmente, o Brasil conta com 4.589 associados. Nos dias anteriores à final do Gauchão, contra o Grêmio, houve o ingresso de 1.100 novos (ou antes, inadimplentes) associados. Mas passada a decisão, cerca de 700 não pagaram a mensalidade de abril até o prazo limite: dia 10. Essa oscilação atrapalha o planejamento, pois a receita – uma das mais importantes do clube – se torna variável.
“Essa oscilação reflete diretamente na receita do clube. Hoje, o quadro de associados, juntos com a televisão e um patrocinador máster são as principais fontes de receita do Brasil”, diz o gerente executivo Edu Pesce Filho. O plano é retomar até o final do mês a marca dos cinco mil associados. É o mínimo. “Pelo potencial, a capacidade da torcida e o apelo, o Brasil não pode ter menos de 10 mil sócios”, ressalta Pesce.
A atual campanha – denominada de “Sua Força é Nossa Paixão” – visa trabalhar as conquistas do clube, como integrante da Série B do Brasileiro; a presença entre os oito melhores times da competição nacional do ano passado; o vice-campeonato estadual; vaga na Copa do Brasil de 2019 e um calendário cheio de jogos ao longo da temporada.
Ações contra inadimplência e fraudes
Diminuir a inadimplência e combater o desvio de ingressos (como também a venda irregular de check-in) fazem parte de ações atuais do setor administrativo do Brasil. Uma das medidas é o controle eletrônico de acesso do associado ao estádio. Edu Pesce revela que está em fase de implantação um sistema pelo qual o associado irá confirmar sua presença nos jogos por meio de um aplicativo em seu celular. “O sistema vai imediatamente creditar no cartão do associado um crédito, que permitirá o acesso ao interior do estádio nos jogos”, informa.
Isso vai acabar com uma fraude que se tornou comum nos últimos tempos. Segundo Pesce, alguns associados faziam o check-in (mesmo quando era cobrado valor de R$ 10) e depois retornavam ao clube solicitando uma segunda via. Em alguns casos, houve a suspeita de venda do primeiro check-in. Isso forçou que o clube passasse a cobrar R$ 50 pela segunda via. “Em jogos grandes, vamos cobrar R$ 100”, avisa.
Edu Pesce revela também o aumento demasiado do número de idosos, estudantes e menores buscando os benefícios permitidos por lei. “Algumas pessoas se aproveitam do grande movimento perto do horário do jogo para entrarem no estádio, sem apresentar documento”, afirma. Agora há rigor. Esses ingressos são vendidos apenas no Bento Freitas, porque será feito cadastramento de idosos, estudantes e menores. Os estudantes só terão direito ao desconto de 50% se apresentarem a carteira das entidades oficiais, por exemplo a UNE (União Nacional de Estudantes).
Os menores de 12 anos, que não pagam ingresso, só podem retirar o bilhete de acesso ao estádio se estiverem acompanhados do responsável legal. “Já apareceu aqui um senhor com a certidão de nascimento de cinco ou seis menores”, cita Edu Pesce. A suspeita é que esses ingressos eram, posteriormente, negociados. “O cadastro vai permitir que se trabalhe com esse jovem para que ele se torne no futuro um associado do clube”, completa o gerente executivo.
INADIMPLÊNCIA
A redução da inadimplência está relacionada com a troca do sistema de cobrança no balcão e por boleto bancário por outros meios como débito em cota, cartão de crédito e cartão recorrente. Também há facilitação para que o inadimplente permaneça no quadro social. Quem deve até quatro mensalidades, paga duas e segue sendo sócio. Já quem deve de cinco a 11 meses, paga três para manter sua qualidade de associado. Esse valor pode ainda ser parcelado no cartão de crédito.
Quem completar um ano de atraso é automaticamente demitido, mas pode retornar a qualquer momento como sócio novo. Isso vale para qualquer modalidade social. Pesce alerta, porém, que só permitida uma renegociação no período de um ano. “Isso impede que o associado pague até novembro e, depois pare de pagar em dezembro, janeiro e fevereiro, renegocie para voltar em março”, explica.
EMBAIXADAS
De olho nos torcedores de outras cidades – e até de outros estados -, o Brasil vai lançar as Embaixadas dentro de poucos dias. Serão escolhidos o embaixador e o vice-embaixador – existe a necessidade que eles sejam sócios do clube – para serem os representantes na cidade. Terão a tarefa de buscar novos associados e promover eventos. “Hoje, o Brasil tem pelo menos um associado em dia em 66 cidades, fora Pelotas”, completa Pesce.