Diário da Manhã

Um dado inusitado foi apresentado pelo vereador Marcus Cunha (PDT) em pronunciamento na sessão desta quinta-feira (20/03), na Câmara Municipal: a Sersul, empresa contratada pela Prefeitura de Pelotas para realizar o serviço de limpeza da cidade, realiza seis mil quilômetros mensais de varredura do município. Os números foram repassados ao vereador pelo responsável técnico da Sersul, engenheiro Mário Costa.

“Fiquei perplexo e acho inacreditável que esses números sejam verdadeiros”, disse o parlamentar. E explicou o porquê de sua descrença: “do Oiapoque, no extremo Norte do Brasil, ao Chuí, no extremo Sul do país, são 4.500 quilômetros. Quer dizer que os funcionários da Sersul vão e vêm do Oiapoque ao Chuí uma vez e meia todos os meses?”, perguntou Marcus Cunha.

Com os dados que recebeu do engenheiro, Cunha disse que a Câmara deve aprofundar um estudo a respeito do contrato e das informações que a empresa está divulgando. Ele mostrou uma cláusula do documento assinado entre a Prefeitura e a Sersul, que cobra a limpeza de somente 150 quilômetros de valetas por mês, enquanto Pelotas tem um total de 600 quilômetros de valetas. “Nunca vamos limpar todas as valetas de Pelotas!”, exclamou, indignado, o parlamentar.

”Acho inacreditável que esses números sejam verdadeiros” disse Marcus Cunha

E mais: segundo Marcus Cunha, ao indagar de Mário Costa sobre a fiscalização do Executivo aos serviços da Sersul, obteve como resposta que esse serviço não existe. “Não tem fiscal da Prefeitura”.

“Estamos pagando por um serviço que é feito no escuro”, afirmou o vereador. “E pagamos muito, porque a Sersul tem 300 trabalhadores e recebe, mensalmente, com o nosso dinheiro (da população) R$ 1.092.420,00, dos quais R$ 93 mil deveriam ser o lucro líquido da empresa”.

Mas, na verdade, explicou, alertado pelo vereador Anselmo Rodrigues (PDT), Marcus Cunha percebeu nos documentos que a Sersul vem realizando compras de maquinário, como um trator e “incrementando seu patrimônio, o que lhe dá um lucro líquido de R$ 200 mil!”

“Precisamos fazer uma reflexão conjunta, senhores vereadores”, pediu. “Temos nove mil servidores municipais, mas a toda hora que precisamos fazer um reparo numa unidade básica de saúde, limpar a cidade, terceirizamos os serviços. Há dez meses o muro do Colégio Pelotense está caindo e não temos funcionários para levantá-lo! Enquanto isso a Prefeitura paga R$ 1 milhão mensal para uma empresa terceirizada! E aí falta dinheiro para educação, para a saúde, para a vida dos pelotenses”, alertou o vereador.