Diário da Manhã

Treinador pensa em uma relação longa com o Pelotas: pretende trabalhar na Boca do Lobo por muitos anos

O Pelotas definiu um perfil de técnico para comandar a reformulação planejada no futebol do clube. Buscou um treinador jovem, com ideias inovadoras. O escolhido para executar essa tarefa na Boca do Lobo é o porto-alegrense Thiago Gomes, 33 anos. O desafio inicial é realizar uma boa campanha na Copa FGF, que leva o nome de Paulo Sant’Ana, recolocando o Lobão em competições nacionais.

Para Thiago, o Pelotas não representa apenas o presente, mas também o futuro. “Representa para mim, a possibilidade de realizar um trabalho de longo prazo, que vejo com muita chance de crescimento. Pretendo ficar muitos anos trabalhando no clube e fazer o Pelotas ter um crescimento muito significativo. É algo que realmente me atrai, porque podemos a cada ano dar um salto muito grande. Vejo esse projeto como o projeto da minha vida”, afirma o treinador.

Thiago Gomes planeja trajetória longa na Boca do Lobo: constata potencial de crescimento no clube
Foto: Tales Leal/AI ECP

O contrato de Thiago Gomes é para a competição do segundo semestre. Mas como o objetivo é de fazer um trabalho de longo prazo, o treinador pretende continuar na Boca do Lobo na Divisão de Acesso de 2018.

Grupo com a cara do técnico

“O grupo do Pelotas está ficando da forma que eu gostaria. Todos os atletas passaram pelo aval meu. É lógico que houve muita abertura para discutir com a diretoria os nomes, com o Neca e o Rafael Farias principalmente, mas o grupo está ficando com a minha cara. Um time que tem velocidade, um time que é competitivo, com atletas que são profissionais, com atletas que são vencedores”.

A primeira parte do trabalho de Thiago Gomes no Pelotas está praticamente concluída: a formação do grupo de jogadores. Uma reformulação completa, porque Giovane Gomes e Nicolas Bonow são os dois únicos remanescentes da Divisão de Acesso. O treinador destaca o comprometimento de todos. “A vontade de todos os atletas é de ser campeão no Pelotas. Não tem ninguém a passeio aqui, passando tempo. Conseguimos montar um grupo com perfil vencedor”.

Não tem espaço para boleiro

Se o futebol é conhecimento científico, como o jogador brasileiro está preparado para compreender as orientações táticas, quando são repassadas no terreno teórico? Ou a comunicação se dá apenas dentro do campo, na atividade prática? “Eu uso a forma mais simples possível para me comunicar com o atleta. O que a gente conversa na entrevista às vezes é completamente diferente do que se fala no vestiário. É claro que com alguns termos eles vão se adaptando”.

Thiago destaca, porém, que o nível de compreensão do grupo do Pelotas é muito alto. “A gente consegue conversar de conceito tático de igual para igual. Quando falo que o jogador, que trouxemos para o Pelotas tem um perfil, é que ele compreende o que se quer dentro do campo. Não é só perfil técnico, físico, mas também cultural. O jogador do nosso grupo tem o conhecimento do jogo, entende os nossos conceitos e que já trabalhou com bons técnicos”.

Carreira

Thiago Gomes é um teórico do futebol, mas um estudioso. Não foi jogador profissional. O ingresso na atividade se deu através da Faculdade de Educação Física feito na IPA (Instituto Porto Alegre). Fez dois cursos de pós-graduação em treino tático e técnico do futebol e fisiologia do exercício. Atualmente faz o curso da AFA (Associação de Futebol da Argentina), que é o mais conceituado da América do Sul. Tanto que é reconhecido para o treinador trabalhar no futebol europeu.

O trabalho de campo começou nas categorias de base do Internacional, quando participou da formação de jogadores como Alexandre Pato, Oscar (equipe B), Leandro Damião, Walter, Alisson, entre outros. Foi do sub-10 até o Inter B. Em 2011, Thiago Gomes aceitou convite trabalhar num projeto de futebol em San Diego nos Estados Unidos. Depois fez parte da comissão técnica do Atlético/PR.

Na volta ao Rio Grande do Sul, o treinador comandou o time sub-20 do São José e, na sequência, foi convidado por Osmar Loss para trabalhar na base do Corinthians. Voltou ao São José, em 2015. Depois acompanhou Paulo Roberto Falcão no Sport. Com a saída do treinador, ele chegou a dirigir interinamente a equipe pernambucana. A próxima escala foi o Fluminense, onde trabalhou na base.

O que é o conceito moderno?

A vantagem de formar um elenco todo novo é o de poder escolher os jogadores que se adaptem ao modelo de jogo e ao sistema tático preferidos do treinador. O Pelotas está seguindo essa cartilha. “As contratações todas passam pelo que nós queremos para a equipe. Tenho alguns padrões que eu gosto de usar sobre o sistema de jogo, variações no esquema de jogo, e estamos contratando exatamente essas peças para que eu possa jogar dentro do sistema que me agrada”.

Mesmo considerando a característica do futebol gaúcho, que exige força, Thiago Gomes foi contratado porque representa ideias modernas no conceito tático.

“O futebol hoje evoluiu para um nível de conhecimento e produção de conhecimento. O treinador que está num grande momento é aquele que consegue produzir conhecimento. Eu busco para minhas equipes, dentro do equilíbrio defensivo e ofensivo, um time que tenha transição rápida, um time que tenha conceito moderno, que consiga pressionar o adversário no ataque, marcando no bloco alto em alguns momentos; e que saiba defender em bloco baixo para ter boa transição. E enfim, que busque sempre jogar com a posse de bola e equilíbrio”, afirma o treinador.

O desafio é aplicar esse conceito de futebol em tão pouco tempo e, principalmente, considerando que o Pelotas reuniu 25 jogadores às pressas. Quanto ao esquema tático, o ponto de partida é o 4-1-4-1. “Esse é o esquema que me agrada muito, mas vamos trabalhar variações no 4-2-3-1. Eu gosto também de ter variação no 3-5-2 para usar em determinado momento do jogo ou para alguma partida estrategicamente”.