Treinando para superar desafios : Patrick Xavier é esperança pelotense na “Supermaratona” de 50 quilômetros em Rio Grande
Humildade, amizade, abnegação e disciplina. Algumas características do perfil do atleta pelotense Patrick Farias Xavier. Aos 25 anos, ele tem enfrentado rigorosa rotina de treinamentos. A meta é a “Supermaratona” de Rio Grande, competição com cinquenta quilômetros. A prova que atrai corredores das mais variadas regiões do País, e também repercute no exterior, terá largada domingo às 7h no Cassino. Entre os pelotenses que estarão na corrida, Patrick é uma das esperanças de bom resultado. Para superar o desafio, ele treina nos horários disponíveis. Há cinco anos trabalhando no comércio, encontra na madrugada ou noite o tempo para percorrer longos percursos. Morador no bairro Areal, geralmente ruma em direção aos balneários e Colônia Z-3.
SUPERAÇÃO – Sobre a opção pela Supermaratona o atleta menciona: “Será uma das provas mais complicadas da minha vida. Será a mais sofrida das batalhas, num percurso de pura resistência, força e fé no meu coração. Quando perguntam o porquê da participação, não sei explicar, é algo muito forte que faz com que eu corra. É o prazer de correr longas distâncias. Talvez provar a mim mesmo até onde posso chegar. Só quero realizar o sonho de ser maior do que meu limite. Pode parecer estranho mas se não der certo, ao menos eu tentei. O desafio é grande, mas ninguém falou que seria fácil. Como diz o amigo Luciano Pereira da Costa, não há limites para quem tem disciplina. Ele tem me ajudado nessa batalha, e também tenho treinado com minha equipe de corrida, grupo que dá o maior apoio, os ‘Night Runners’”.
DIFICULDADES para o esporte são recorrentes. Excetuando a mesmice do futebol, as demais modalidades esportivas estão em patamares inferiores. O atletismo, principalmente amador, depara-se com inúmeras deficiências. Faltam locais adequados, orientação técnica, incentivo do poder público e até competições. Como trabalhador, Patrick – neste ano planeja concluir o ensino médio -, tem dificuldade para adquirir os tênis apropriados, e os gastos com inscrições e viagens. Ele observa: “Tenho comprado o equipamento com o meu dinheiro suado. Um par de tênis em condições para praticar o esporte, dura tem torno de quatro meses. Já com tênis barato, quem pode durar quatro meses é o atleta. Não reclamo da vida apenas observo sobre o que passamos por paixão ao esporte. Às vezes tênis furado, camiseta rasgada, ou o relógio que compro e as pilhas duram apenas duas semanas. O ideal seriam melhores condições para treinar e participar de boas corridas. Ao atleta faz falta o patrocínio. Um apoio é significativo para o esporte prosseguir. Não adianta ser apaixonado pelo que faz, se não há o entusiasmo para seguir em frente. Faço apelo às empresas e Prefeitura, para que ajudem os esportistas. Vamos tirar as crianças das ruas, evitando que os jovens procurem as drogas. Vamos colocar o esporte à juventude, que também precisa ser valorizada com educação e saúde”.
MOTIVAÇÃO – Patrick conta que já teve convites para correr fora do Estado. No entanto, teve de recusar a participação devido aos custos. Mas a motivação persiste, e remonta ao bem-estar proporcionado pelos exercícios: “Meu coração está nas pernas. Algo que nunca contei é a origem do meu interesse pelo esporte. Quando estava triste, em silêncio, com pensamentos negativos, tratava de calçar os tênis, colocar os fones do MP3 e saía para correr. Ia para bem longe, mas longe de todo mundo. Ao retornar estava tão feliz, que a vontade era voltar a correr. Sabe quando faz algo que te faz bem, que dá vontade de fazer novamente? Eu sentia isso. E gosto tanto de correr que, sob chuva ou sol forte, desligo de tudo. Sinto-me tão feliz que, algumas vezes, fico com os olhos cheios de lágrimas. Isto até me assusta um pouco, mas tudo na vida é desafio a ser superado. E percebi que poderia aproveitar essa paixão para alcançar conquistas e sonhos”.
GRATIDÃO – “Agradeço à minha família que me apoia muito no esporte, incentivando a seguir em frente. Também aos amigos que sempre disseram: ‘Vai e faz por ti, mesmo que não tenha nada a provar a não ser pra si próprio’. Também agradeço ao grupo Night Runners Pelotas, sobrinho Gabriel Pinheiro, colegas de trabalho e aqueles que têm me ajudado: Gilberto Ribeiro Jr (Ascorp); Luciano Costa; Huibner Machado da Silva; Eder Gomes (Ascorp); Alexandre Motta; Horacio Severi; Canibal GYN”, expressa o atleta.
FUTURO – Patrick projeta: “Gostaria que, no futuro, aos oitenta anos, alguém leia esse relato e sinta tudo o que passei. E diga ‘Puxa esse foi meu pai, tenho orgulho dele. Te amo meu velho’”.